segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Faltam R$ 8 bilhões para a atualização dos portos
31/01
Dos cerca de US$ 30 bilhões previstos para o setor portuário brasileiro não entrar em colapso até 2015, ainda faltam US$ 8 bilhões, que terão de vir de algum lugar, como, por exemplo, investimentos externos. É o que estimam especialistas do segmento, que já contabilizam, entre investimentos públicos e privados agendados nos próximos quatro anos, US$ 22 bilhões. Hoje existem cerca de 260 pontos de gargalo nos portos nacionais, e em estudo do Ipea os Portos de Vitória (ES), Itaqui (MA), Pecém (CE), Rio Grande (RS) e Santos (SP) têm maior demanda de atenção, o que poderá salvar o Brasil de um "apagão portuário" nos próximos anos.
Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o País poderia trocar uma garantia de exportação de commodities para o gigante asiático chinês por recursos para expandir seu aparato logístico - portos inclusos. "Firmaríamos com os chineses um acordo de endividamento securitizado, pelo qual eles financiariam as obras de que precisamos e nós pagaríamos com os itens agrícolas e minerais que eles precisam. Com isto, ao mesmo tempo dominamos o mercado chinês destes produtos, montamos nossa infraestrutura e geramos empregos e renda no Brasil", defende.
Já Renato Barco, diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, lista avanços recentes e diz que é preciso analisar o setor: "Estão adiantadas as obras de aprofundamento do canal do porto, cujo calado vai passar de 12 para 15 metros a um investimento de R$ 200 milhões. Também vamos alargá-lo, dos atuais 150 para 220 metros".
Ele explica que a Codesp trabalha com um planejamento de ampliação que vai de 2008 a 2024, data até a qual, entre recursos públicos e privados, serão investidos ali US$ 6 bilhões.
Pesquisadores avaliam novas fontes de etanol
31/01
Embrapa estuda novas plantas, oriundas do Cerrado e até da Amazônia, para dar origem ao bioetanol
O Brasil poderá contar, em alguns anos, com novas fontes para produção de etanol, que tem como matéria-prima, basicamente, a cana-de-açúcar. A Embrapa Cerrados - unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, localizada em Planaltina (Distrito Federal) - coordena, desde o ano passado, pesquisas para avaliar fontes de biomassa que podem ser usadas para produzir o chamado etanol de segunda geração. O objetivo é dominar novas tecnologias para a produção do bioetanol e tornar o País referência mundial no assunto.
As pesquisas da Embrapa Cerrados avaliam o uso de gramíneas forrageiras (usadas na alimentação animal), sorgo, bagaço e a palhada da cana. Também há estudos com espécies de árvores (pinus, eucalipto) e duas espécies da Amazônia: tachi-branco e paricá, como fontes alternativas de biomassa para produção de etanol.
O etanol produzido da cana-de-açúcar é obtido pela fermentação de açúcares presentes no caldo, obtido pela moagem da planta. Como resultado dessas pesquisas, a perspectiva é que açúcares complexos, como a celulose e hemicelulose existentes na composição das plantas, possam também ser convertidos no etanol de segunda geração.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados Marcelo Ayres, que coordena o trabalho, a escolha das espécies para o estudo buscou contemplar plantas mais adaptadas às condições da região do Cerrado e que apresentem grande potencial de produção de biomassa. Outra vantagem é que já existem estudos anteriores que indicam o manejo desses cultivos.
No caso das gramíneas forrageiras, por exemplo, a Embrapa lançou cultivares de braquiária, como a cultivar Marandu, que ocupa mais de 30 milhões de hectares no Brasil. "Ela é muito adaptada às condições climáticas do Cerrado e pode ser plantada até mesmo onde a cana não pode", explica Ayres.
O processo de produção do etanol de segunda geração é composto por duas etapas. Na primeira delas, as longas cadeias de celulose e hemicelulose são quebradas - por hidrólise enzimática ou química - para chegar a açúcares com cinco ou seis moléculas de carbono. Em uma segunda etapa, os açúcares reduzidos obtidos no processo de hidrólise são fermentados, assim como ocorre com a sacarose da cana-de-açúcar. Esse é o procedimento que os cientistas devem percorrer até chegar ao etanol. No entanto, a prática ainda é um desafio.
"O mundo inteiro está trabalhando para definir quais as fontes e os processos a serem usados", comenta Ayres. Para ele, em relação a outras nações que estão na corrida para desenvolver a tecnologia do etanol de segunda geração, o Brasil tem a vantagem de estar em uma área tropical, o que favorece o desenvolvimento de biomassa.
Para Marco Aurélio Lima, diretor do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, o Brasil precisa ampliar investimentos na agricultura de precisão para melhorar ainda mais o que já vem fazendo bem: o plantio de cana-de-açúcar voltado à produção de etanol.
Produtividade alta
Quanto à produtividade, Lima acredita que o Brasil fez a lição de casa e conseguiu dobrar a capacidade de retirar o etanol de um hectare de terra desde o início do Proálcool (Programa de substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo por álcool, financiado pelo governo a partir de 1975). O desafio é ampliar a produção em grande escala o suficiente para atender, inclusive, às demandas internacionais.
Para isso, os pesquisadores se debruçam nos estudos, em especial, sobre o etanol celulósico (ou de segunda geração), que utiliza o bagaço e a palha da cana. Hoje, o álcool/etanol é originado da fermentação do caldo da cana, mas o uso dos açúcares presentes nas outras partes da planta exige novos processos tecnológicos. "Temos que estudar melhor a fotossíntese da cana, que é uma planta com cara brasileira e precisa ser entendida melhor em todo o seu processo de formação porque, se queremos desconstruir a cana, é bom que saibamos como ela é construída", resume Lima.
Fique por dentro
A conta cara do petróleo
Na década de 1970, motivado pelo peso da conta petróleo na balança de pagamentos do País, o governo federal lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), definindo claramente uma estratégia de médio e longo prazo, permitindo que o setor privado investisse no aumento da produção e no desenvolvimento da cadeia. À época, o Brasil importava mais de 80% do petróleo que consumia; havia a questão de segurança energética e o fato de a indústria canavieira estar com capacidade instalada ociosa.
Contudo, com o aumento da produção interna de petróleo e com a queda de seus preços internacionais, em meados da década de 1980, o governo reduziu sua interferência neste mercado, desmotivou a produção de etanol e gerou um quadro de dificuldades que encerrou a fase de expansão do Proálcool. Em 1986, o governo federal retirou o subsídio ao álcool, o que reduziu a rentabilidade média da agroindústria canavieira e estimulou ainda mais o uso da cana para a fabricação de açúcar para exportação.
TECNOLOGIA CEARENSE
Padetec estuda fermentação
Desde os antigos egípcios, o processo de fermentação do etanol é o mesmo: faz-se o caldo de cana, adiciona-se o fermento e se obtêm o álcool. Mas, se depender dos pesquisadores do Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (Padetec) / UFC, essa história vai mudar. Com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a instituição desenvolve, há três anos, uma pesquisa para aumentar a produtividade do etanol, modificando sua fermentação.
"A tecnologia de fertilização utilizada hoje no Brasil ainda é bastante tradicional, pouco evoluiu, a não ser a seleção de cepas mais eficientes", comenta o diretor presidente do Padetec, Afrânio Craveiro. Este processo gera dois problemas: a produção de álcoois superiores e a competição com leveduras selvagens. Para combatê-los, os pesquisadores introduziram na fermentação do etanol levedura imobilizada em biopolímeros.
"O novo processo permite obter um vinhoto mais limpo, evita a competição com leveduras selvagens e aumenta o rendimento em até 5%", explica Craveiro. O Brasil produz, por meio da fermentação tradicional, 12 bilhões de litros de etanol por ano. Com o processo desenvolvido no Padetec, haveria o acréscimo de um bilhão de litros por ano, equivalendo a uma economia de R$ 1 bilhão.
O próximo passo é fazer o processo por meio de um bio reator contínuo. "O caldo de cana entra no reator e já sai o álcool", explica. O BNDES aprovou pré-projeto de financiamento para a segunda etapa do estudo, que aguarda apenas o co-financiador privado. Mas Craveiro adianta que a usina piloto, instalada nos fundos do Padetec, deve ser arrendada por uma empresa espanhola.
História
1905 - começam os testes com álcool combustível no Brasil
1931- o governo brasileiro estabelece um decreto que obriga a mistura de 5% de álcool na gasolina importada pelo País
1973 - com a primeira crise do petróleo, a procura por novas fontes de energia, que havia parado na década de 60, ressurge
1975 - o Brasil lança o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), maior programa comercial de uso de biomassa para fins energéticos no mundo
1977 - o professor Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará, descobre o biodiesel, a partir do óleo de algodão
1979 - quase 80% da frota de veículos produzida no País tem motores a álcool
1980 - Expedito Parente registra a primeira patente mundial de biodiesel, hoje de domínio público
1983 - o governo federal lança o Programa de Óleos Vegetais, estabelecendo a utilização de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram mais de 1 milhão de quilômetros
1983 - a empresa cearense Proeg desenvolve um querosene aeronáutico à base de óleo vegetal, homologado no Centro Técnico Aeroespacial (CTA)
2003 - o Brasil cria um grupo de trabalho interministerial para viabilizar o biodiesel como fonte alternativa de energia
2004 - o governo federal lança o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, com a promessa de inclusão social dos agricultores familiares
2005 - a ANP assume a atribuição de regular e fiscalizar as atividades relativas à produção, controle de qualidade, distribuição, revenda e comercialização do biodiesel
2008 - a Petrobras cria uma subsidiária para produção de biocombustíveis (PBio)
2008 - a Petrobras inaugura sua usina de produção de biodiesel, no distrito de Juatama, em Quixadá
2009 - em janeiro, todo o óleo diesel comercializado no País passa a receber a adição de biodiesel, na proporção de 5%, denominada B5%
SAMIRA DE CASTRO
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Chuva que atingiu o Rio Grande do Sul não foi suficiente para aliviar a seca
Perdas da produção agropecuária podem ultrapassar R$ 150 milhões.
A chuva que caiu nesta quinta, dia 27, em parte dos municípios atingidos pela seca no Rio Grande do Sul não foi suficiente para aliviar a forte estiagem que afeta o sul do Estado, onde 15 municípios já decretaram situação de emergência. As perdas da produção agropecuária podem ultrapassar R$ 150 milhões.
Em Bagé, a 400 quilômetros de Porto Alegre, o temporal desta quinta alcançou apenas 12 milímetros. Em Candiota, a 60 quilômetros de Bagé, choveu 35 milímetros – muito pouco para quem sofre com os efeitos da seca. Na propriedade de Adalberto Leite Pereira, 14 bois morreram no pasto rasteiro. Os açudes estão secos e o sol forte abriu fendas no solo. Plantações inteiras de milho e arroz não vingaram. Alguns produtores nem plantaram a safra, porque a chuva esperada não veio na época certa.
Candiota foi o primeiro município a decretar situação de emergência no Rio Grande do Sul, em dezembro do ano passado. A estimativa é que o prejuízo chegue a R$ 10 milhões com a perda da produção de grãos e de peso do gado, que vale menos e dá pouco leite.
Em Lavras do Sul, a 320 quilômetros da capital gaúcha, o futuro do rebanho está ameaçado. Magras, as vacas nem entraram no cio. Alguns produtores levam o gado para comer a grama que resiste na beira das estradas que dão acesso às propriedades.
A seca que castiga o pampa gaúcho é causada pelo fenômeno La Niña, o esfriamento do Oceano Pacífico, que altera os ventos no Continente Sul-americano e concentra a umidade em algumas regiões. O norte do Rio Grande do Sul tem muita chuva, enquanto a parte sul, próxima das fronteiras com o Uruguai e a Argentina, sofre com a estiagem. O abastecimento de água nas áreas urbanas ainda não foi afetado, mas, nas zonas rurais, a água só chega de caminhão-pipa.
Fonte: Agência Brasil
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
ENTREVISTA: Confira a entrevista com Luis Carlos Heinze - Dep. Fed. PP-RS
Arroz: enquanto uma nova safra se aproxima, com preços abaixo do mínimo, produtores que foram vítimas das enchentes do ano passado continuam ainda sem nenhum recurso governamental. Há relatos de suicidios entre agricultores endividados e sem esperança.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
METEOROLOGIA: Confira a previsão do tempo para todo o Brasil, com análise de Cássia Beu da Somar Meteorologia
Meteorologia mostra chuvas na Argentina e na parte sul do Rio Grande do Sul. Mas a concentração de chuvas sobre o litoral de Sta. Catarina volta a preocupar. Previsão mais alongada detecta muitas chuvas para o norte do Mato Grosso.
Grãos são opção de incremento na renda dos agricultores do RS
Incrementar a renda dos produtores é um dos objetivos do escritório da Emater/RS de Sinimbu, que está estimulando entre os agricultores o plantio de grãos após a colheita do tabaco. A área cultivada de milho no município gira em torno de 6 mil hectares entre os plantios da safra e safrinha, enquanto que o feijão preto é cultivado em 600 hectares na safra e 300 na safrinha.
O chefe do escritório municipal, Carlos Corrêa da Rosa salienta que aproveitar este fator é aumentar as chances de ter uma safra mais produtiva. “Se aproveita o potencial da terra com baixo custo, o que é uma das vantagens de se investir no plantio de milho e feijão após a colheita do tabaco. Também significa promover a diversificação da atividade e proteger o solo contra os efeitos da erosão”, salienta.
Segundo Rosa, aproveitando a adubação residual do tabaco, os produtores reduzem o custo de produção do milho e do feijão ao mesmo tempo em que garantem a produção de mais alimentos que pode ser usado na propriedade na forma de grãos ou farinha.
Rosa salienta ainda que poucos produtores plantam milho especificamente para comercialização. “A maioria dos agricultores usa o milho na forma de silagem ou grão para alimentação dos animais da propriedade e isso garante a diversificação produtiva da propriedade através da produção de carne de frango e/ou suíno, ovos e leite, o que significa uma renda extra com a venda do excedente desta produção”, aponta.
Feijão
A mesma idéia vale para o feijão que irá garantir uma alimentação de qualidade e em quantidade durante o ano às famílias rurais. “Como o clima está contribuindo para o plantio e desenvolvimento das culturas, é importante que os produtores efetuem o plantio de grãos na resteva do tabaco de forma alternada, em pequenas áreas, a fim de garantir a realização dos tratos culturais como capina, controle de insetos e mesmo a colheita com sucesso, para que possam ter demanda da mão-de-obra na classificação do tabaco”, orienta o técnico da Emater/RS.
Fonte: Gazeta do Povo
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